quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Max e os Felinos X Life o Pi

Acabei de ver isso no FB e fiquei indignada, sinceramente!


Quando vi o trailer de "As Aventuras de Pi", não me interessei muito em ver no cinema. Aí teve tanto falatório em cima do filme que comecei a querer assistir, mas já era tarde demais: tinha saído de cartaz. Resolvi então esperar o DVD.

Daí um amigo posta isso e meu queixo caiu:


A polêmica de Pi
Um jovem judeu foge da Alemanha nazista para o Brasil em um navio, que naufraga. O rapaz se salva em um bote com um jaguar que também estava no navio...
Um jovem indiano, filho de um dono de zoológico, emigra com os pais para o Canadá, o navio naufraga e ele se salva num bote, junto com um tigre de bengala.
Aqui as semelhanças não são meras coincidências.
 Quando Yann Martel ganhou o prêmio Booker, por "As aventuras de Pi", foi perguntado sobre a semelhança de sua história com o livro "Max e os Felinos", do escritor gaúcho Moacyr ScliarMartel confessou que usou a "ideia" do brasileiro. Mas a coisa ficou ainda mais feia ao declarar que apenas "quis aproveitar uma boa ideia estragada por um escritor ruim".
A deselegância de Martel fez muitas pessoas compararem. As aventuras de Pi é um bom livro, sim, mas não se compara a Max e os Felinos... foi o que a maioria disse.
Scliar morreu em 2011. Antes de ver sua história roubada receber 11 indicações ao Oscar de 2013.
É engraçado como essas coisas só aparecem pouco antes do Oscar, quando as indicações já foram feitas e não dá mais para ser impedido de participar. (mentira Cris, a polêmica apareceu primeiro em 2002, mas na época você só se interessava por Patologia Clínica, Star Wars, Harry Potter e ainda usava ICQ).
Aconteceu o mesmo com aquele filme americano sobre os caras que desarmavam bombas no Oriente Médio (não lembro o nome), de uma diretora ex-mulher de um diretor famoso.

Tava louca para assistir As Aventuras de Pi, agora perdi a vontade. Por outro lado, me atiçou a vontade de ler Max e os Felinos. Quanto à tradução do livro Life of Pi, talvez eu leia... mas baixarei da internet, porque não darei um centavo do meu bolso para este charlatão aproveitador.

E tem gente que ainda bate o pé que não existe plágio em literatura. Sei! Existem casos e casos (não me venha falar de HP, que é completamente diferente), mas esse aí é descarado demais!!!

Aqui está uma entrevista de Moacyr Scliar sobre a polêmica:


[Acrescentando em 19 / Fev / 2013] Me indicaram um post, feito alguns dias depois deste meu, em um blog que é bastante esclarecedor sobre o que aconteceu no período de 2002 (época em que Martel ganhou o tal prêmio).

Eu vou reproduzir aqui alguns trechos, pra resumir e, no final, colocarei o link da fonte:

Poucos dias após o livro A Vida de Pi ganhar o Booker Prize — o prêmio literário mais prestigioso do Reino Unido e um dos mais sérios e bem organizados do mundo —, um escândalo veio à tona, através de uma matéria publicada no Guardian. O jornal inglês foi o primeiro a notar que A Vida de Pi tinha uma trama idêntica a Max e os Felinos, de Moacyr Scliar. O prêmio já tinha suscitado certa polêmica por conta do livro ser bem menos erudito e literário do que os tradicionais vencedores, mas essa nova acusação chegou à minha porta.
Embora o livro original não tenha sido publicado pela Companhia das Letras, Scliar vinha editando seus trabalhos conosco e me ligou indignado. 
(...) 
Enquanto buscava me inteirar do caso, a polêmica fervia. Indelicadamente, Yann Martel, o autor do livro premiado, declarava não ter lido o livro de Scliar, mas apenas uma resenha negativa de John Updike publicada no New York Times, o que o fizera pensar mais ou menos o seguinte: “Que boa ideia mal aproveitada. E se ela fosse retrabalhada por um escritor com o meu talento?”. Scliar nunca fora resenhado por Updike. As declarações de Martel caíam cada vez pior. 
(...) 
Enquanto isso, os advogados diziam ser impossível mover um processo com base na apropriação de uma ideia, além do custo de uma causa internacional como esta ser altíssimo.
Meu telefone continuava a tocar, e desta vez não eram agentes mas o editor de Martel, Jamie Byng, da Canongate, querendo minha mediação no caso. Jamie é um editor de grande energia, uma figura ímpar no mundo editorial por seu empreendedorismo e criatividade. 
(...) 
No telefone ele garantia a boa fé de Martel e me pedia, em conjunto com o autor, que alcançássemos uma solução pacífica. Dar conta da polêmica literária sobre a premiação já era o suficiente para os dois.
Convenci Moacyr de que o processo seria inviável e propus que Martel desse uma entrevista valorizando a obra do brasileiro e se retratando das declarações infelizes. Moacyr, por seu lado, daria declarações dizendo que não moveria processo algum. O leitor do blog pode acessar as matérias publicadas na ocasião pelo Estado e pela Folha.
Ao assistir As Aventuras de Pi no cinema agora, não pude deixar de sentir um gosto amargo, além das saudades do grande amigo que partiu. 
(...) 
E enquanto o romance de Yann Martel ganhou as telas numa megaprodução, o mundo continua merecendo conhecer melhor os livros de um dos maiores escritores brasileiros do século XX.
Por Luiz Schwarcz, Fonte


Bom, minha opinião é que isso tudo só piora a questão.
A tal resenha negativa nunca existiu e as declarações de ambas as partes não foram espontâneas, foram parte de um acordo... o que não muda em nada o sentimento de cada autor pelo ocorrido.
Eu sei que este é o trabalho de advogados, editores, diplomatas, RPs... enfim... mediadores em geral... Mas a mim, isso soa como falsidade e enganação e não muda a minha indignação.

Eu sinceramente não sei se sou ou não a favor de uma mudança nas leis, mas em casos como esse em que houve a admissão explícita de culpa, eu acho sim injusto não se poder processar alguém pelo roubo de uma ideia. Fica, sim, a sensação de ser injusto que não se considere plágio se o texto não tiver sido copiado palavra por palavra!

Nem todo caso de ideias semelhantes ou de usos de referências a outros trabalhos é plágio. Mas o grande problema aqui é que Martel, certo de sua impunidade, disse com todas as letras que copiou, SIM, e... pior... que se achava melhor que o outro autor. 
[Fim do Acréscimo]

Outro vídeo a respeito, com a opinião da Clarice que leu os 2 e viu o filme:


E o programa Roda Viva da Cultura, de 2010, com o autor Moacyr Scliar (onde NADA é falado sobre esse livro, mas é interessante para conhecer o autor, de qualquer forma):






2 comentários:

André Brandalise disse...

Minha cara, eu costumo usar a frase "não julge um livro pelo filme", mas desta vez inverto um pouco: "não julgue um filme pelo livro que pode ser um plágio".

A produção cinematográfica ficou muito boa e merece ser vista. Recomendo que o faça o quanto antes.

Tina disse...

Provavelmente não aguentarei de curiosidade, mas primeiro lerei o livro do Moacyr (que já encomendei), depois baixarei da net o outro... e aí vejo - talvez - o filme.

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