sábado, 30 de março de 2013

Dia / Mês da Mulher

Esse texto eu escrevi para obviamente publicar no dia 8 de Março, mas tive tanto problema com a internet aqui esse mês que não foi possível. Então, vai o post atrasado mesmo que eu também já publiquei em outro lugar:

Normalmente eu não comemoro Dia Internacional da Mulher... é um dia que passa como qualquer outro para mim.
Porém, pela 1ª vez estou passando esse dia com um sentimento específico, porém é um sentimento negativo, de tristeza, decepção e chateação.
Por esse motivo decidi postar esse texto.

Não vou me estender contando a origem da data, pois creio que com tanta repetição todo ano todos já saibam, ou deveriam saber. E quem não sabe, procura no Google, que é o novo "pai dos burros" (sem ofensa, é só uma referência ao apelido dos finados dicionários).

Tenho pena e vergonha alheia de toda pessoa - mas principalmente das próprias mulheres - que pensam que as conquistas femininas conseguidas no último século tinham por objetivo o direito de fazer merda por aí.
E tenho nojo de homens que vem com o esdrúxulo argumento de "não queriam direitos iguais? Agora aguenta...", usado geralmente como desculpa para suas grosserias. Ou essa gente é mesmo burra ou tem muita preguiça mental!!!

Pra quem não sabe a luta por direitos iguais significava - e significa:

* O direito de usar calças (parece bobo e absurdo, mas veja o exemplo da França, onde até alguns meses atrás era proibido às mulheres usarem calças nas ruas de Paris. E também até pouco tempo atrás aqui no Brasil mesmo era proibido às mulheres entrarem em um tribunal de calça);

* O direito de andar na rua sozinha - sem a necessidade de um parente do sexo masculino acompanhando - e não ser ofendida e agredida por isso. (direito esse que ainda não é plenamente respeitado nem mesmo aqui no Ocidente, pois já aconteceu até mesmo comigo e que definitivamente não é respeitado nos países Orientais mais tradicionais, como Afeganistão, China e Índia - vide os casos absurdos de estupros em Nova Délhi, mesmo quando a moça estava acompanhada de seu parceiro);

* O direito de estudar (novamente cito o caso recente ocorrido na Índia, o caso da paquistanesa Malala Yousafzai, de 14 anos, baleada pelo Talibã por defender o direito das meninas de estudar e até mesmo a brasileira de 13 anos, Isadora Faber);

* O direito de não ser obrigada a se casar com quem foi escolhido pelos seus pais. O direito de escolher SE quer casar e com QUEM quer casar (exemplo: a vida de Chiquinha Gonzaga);

* O direito de dizer o que pensa sem ser desmerecida, ridicularizada e menosprezada como intelectualmente inferior só por ser mulher - e não pelo julgamento de suas ideias (apesar de ser uma personagem histórica polêmica, citarei Anna Leonowens e o filme que foi romantizado sobre ela, Ana e o Rei. Cito ainda a pouco conhecida Júlia Lopes de Almeida que participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, mas foi excluída por ser mulher - leia a história aqui e aqui - e grande autoras inglesas, como Emily Brontë e suas irmãs que para serem publicadas precisavam usar pseudônimos ou publicar anonimamente, como aconteceu com Jane Austen. E até mesmo J. K. Rowling foi aconselhada a usar um pseudônimo ambíguo, porque "meninos não vão querer ler uma história escrita por uma mulher")

* O direito de trabalhar. E posteriormente o de ser respeitada no trabalho como profissional, sem ser assediada sexualmente e ganhando salários iguais aos dos homens no mesmo cargo. (péssimo exemplo disso é que mesmo no meio artístico, ainda hoje, se pratica o teste do sofá)

* O direito de ir à luta quando julgar necessário, de lutar pelo que acredita e por seu país e não ficar em casa esperando para ser estuprada e queimada dentro de casa quando os inimigos avançarem (Joana D'Arc, Éowyn, entre muitas outras... fictícias ou reais)

* O direito ao divórcio quando é desrespeitada, ofendida, agredida e traída dentro de sua própria casa. E o direito à guarda de seus filhos, que antes só era concedida aos homens, independente de seu caráter.

* O direito de não ser internada como louca quando tem a coragem de lutar por justiça e pela verdade, quando tem a coragem de enfrentar a autoridade vigente. (A Troca)

* O direito de votar em seus governantes e de se candidatar aos mesmos cargos de poder.

* E mais recentemente: o direito de ser apenas normal, sem ter que atender a padrões absurdos e inatigíveis de beleza exigidos pela sociedade e pela mídia (uma influência a outra).

* Enfim: o direito de ser vista não como uma boneca inflável, mas antes de qualquer coisa como HUMANA.


DEFINITIVAMENTE a luta por direitos iguais NÃO significava - e significa:

* Usar roupas milimétricas e vulgares;

* Rebolar até o chão;

* Ser usada como objeto sexual por vários e ainda achar que está certa e fazendo sucesso;

* Ser fútil ao extremo;

* Dar mais importância ao corpo do que ao cérebro;

* Ser obrigada a aturar escrotices masculinas 'com naturalidade', sob a 'pena' de ser taxada de: coitada, mal amada / mal comida, baranga, recalcada, c* doce, fresca...

Ter direito civis respeitos não significa de forma alguma anular a natureza feminina!!!
Ter direitos civis respeitados significa ser tratada com DIGNIDADE!!!


Houve uma forte inversão de valores que, de um modo ou de outro, continua a beneficiar o sexo masculino.
Pois se antes as mulheres eram obrigadas a serem recatadas, agora elas são obrigadas a aceitar tudo que os homens quiserem fazer com elas. Do contrário.... "Hum... é muito cheia de frescura e de não me toques" (e não estou falando apenas sexualmente, para deixar claro!).

Se antes uma mulher não deveria falar sobre certos assuntos, agora ela é obrigada a falar sobre todos... mesmo os que a desagradam, mesmo os que se referem à ela em tom jocoso e desrespeitoso, mesmo quando tentam invadir sua privacidade sem permissão.

Se antes a mulher não podia sair pra trabalhar, porque a ela era destinado somente o trabalho doméstico sem remuneração... Agora ela é obrigada a aguentar uma jornada de trabalho INSANA, pois além de cuidar da carreira tem que continuar a cuidar da casa, pois o homem se recusa a fazer esse tipo de trabalho "degradante" (sim, isto está mudando muito lentamente, eu sei!). E como se não bastasse, tem que manter a forma e sob todos os aspectos manter uma aparência perfeita e ter vida social.

Se antes a mulher tinha que ser "pura" antes do casamento... Agora ela é pressionada a ter logo sua primeira vez e, em geral, ainda é só uma menina imatura com medo de perder o namorado e que logo que cede à pressão aprende que foi e continuará sendo usada apenas para satisfazer o ego masculino e depois ser descartada como algo sem valor.

Se antes uma mulher respeitável não podia mostrar muito o corpo, independente do calor que fizesse na rua... Agora ela vira alvo de críticas e piadas se não quiser usar um biquíni micro na praia, que muitas vezes mostra mais em público do que a lingerie que ela só usa entre 4 paredes.

Se antes a mulher não podia seguir carreira artística sem ser taxa de "puta" (ao pé da letra... antigamente as atrizes eram obrigadas a tirar uma carteira profissional onde vinha escrito "prostituta")... Agora elas, se forem bonitas, são criticadas se recusarem a posar para a Playboy. E não é pequena a lista das que fizeram isso no passado e se arrependeram. Se recusar a ser musa de carnaval, então... Afinal, ter seu corpo exibido como um mero pedaço de carne num açougue para o mundo todo ver deveria ser considerado uma honra, não é mesmo?


Mas nada disso devia me surpreender em um mundo que acha que quebrar tabus é transformar em best seller uma história de banca de jornal de quinta sobre um sádico controlador tarado e essa história ainda por cima ganhar status elogioso e o tal maluco ser considerado o "ideal" masculino.

Um mundo que ainda acha natural comerciais de TV como estes (e pior são as mulheres que se prestam ao papel de fazê-los... sinceramente, não entendo como não percebem o tipo de mensagem que estão passando).




Um mundo onde ainda existem escravas sexuais.
Um mundo onde os homens ainda não são capazes de aceitar que suas mulheres sejam mais eficientes que eles e portanto ganhem melhor, como se a mulher fosse de fato um ser inferior e por isso surge o sentimento de "humilhação" quando ela o ultrapassa em qualquer aspecto da vida e, especialmente, da profissão.


Ainda há homens que reclamam da "obrigação" de fazer gentilezas, como abrir uma porta, puxar uma cadeira, ceder o lugar... Que se queremos igualdade não precisamos disso.
Eu lhes digo o seguinte: isso NÃO É questão de feminismo x machismo. Isso é questão de EDUCAÇÃO e CONSCIÊNCIA.
Eu sou mulher e mesmo assim faço isso para idosos, crianças, deficientes (independente do sexo dos mesmos) e grávidas. E não tem como um homem querer se comparar à situação de uma mulher grávida porque fisicamente ele NUNCA passará por isso.
Portanto, a igualdade exigida é em relação ao RESPEITO e não a situações específicas.


Como hoje em dia é considerado crime abuso, violência, cárcere privado, etc... um homem que se diz, e se acha, de bem mas que no fundo não aceita ter que conviver com mulheres em todos os setores da sociedade, lança mão de outros tipos de armas, como a palavra.
Palavras duras, mesquinhas, preconceituosas e até mesmo nojentas. Todas disfarçadas de inocentes "brincadeiras". E por ser "brincadeira" ninguém pode reclamar pra não ser taxada de chato, mal humorado, estraga prazer, ranzinza, né?

Então... você, BABACA, que gosta de menosprezar mulheres... que se acha O engraçadão por criar frases escrotas e nojentas para provocá-las e humilhá-las por ter a audácia de manisfestar o que pensam. Você que gosta de distorcer o que mulheres dizem, que gosta de demonstrar toda a sua superioridade digna de um garotinho mimado de 11 anos de idade...

Você não é um homem, é um "omem"!!!

Porque eu fui criada por Homens maduros.
E Homens... ou melhor, HOMENS, sabem o verdadeiro significado deste "H".
H além de "Homem", H de "Humanidade" e H, acima de tudo, de HONRA.
E Homens Honrados não precisam de artifícios infantis para se sentirem bem consigo mesmos!!!

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