quarta-feira, 12 de junho de 2013

Os derivados de Harry Potter


Um tempo atrás descobri a existência de duas "obras" (ilegitimamente) ligadas a Harry Potter no mínimo polêmicas.

Acho que todo mundo sabe o que é fanfic e quase todo fã já escreveu ou leu pelo menos uma. Nenhum problema com isso! É natural, divertido e saudável. Mas deixa de ser quando o(a) autor(a) de uma fanfic começa a se achar tão importante quando o(a) autor(a) da saga original e começa a se dar status de co-autor(a) deste universo. É o cúmulo da falta de ética.

Já até sei, antes de prosseguir, que vão me mandar ler as duas "obras" em questão antes de criticar.
Vejam, minha crítica não é à escrita em si. Isso é ser fã e escrever fanfic. Embora exista muita fanfic ruim por aí, não há problema nisso.

O problema, a MEU ver é quando o autor da fanfic se acha no direito de usar um universo que não lhe pertence para lucrar, seja financeiramente, seja para ser reconhecido "profissionalmente".

Então, minha crítica é à atitude de G. Norman Lippert e de Renata Ventura.


Eu tenho conta no GoodReads, que é um Skoob internacional.
E eu estava lá pesquisando livros sobre Harry Potter, poucos mais de 1 ano atrás, quando caí nesta página e fiquei com um enorme ponto de interrogação na cabeça: http://www.goodreads.com/book/show/2...lders_Crossing

"Má qui raio é isso???"

Então digitei o nome no Google e achei a página da Wikipedia sobre a "obra". Vou por aqui um resumo do que se trata:

James Potter e a Travessia dos Titãs
É um romance virtual escrito pelo profissional de animação por computador George Norman Lippert. Trata-se de uma continuação não-oficial e não-autorizada da famosa série de livros Harry Potter, escrita por J. K. Rowling
Escrito como um projeto de fan fiction para a esposa e filhos de Lippert, o romance se passa dezoito anos depois após o fim da última parte oficial da série Harry Potter, Harry Potter e as Relíquias da Morte, e descreve a aventura do filho de Harry Potter, James Potter (ou Tiago Potter no Brasil) durante seu primeiro ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts
WEBSITE
O romance ganhou atenção significativa na mídia. 
Após o lançamento do site no início de novembro de 2007, alguns fãs potterianos na internet incialmente especularam que o site pudesse ser parte de uma elaborada campanha de marketing viral para uma continuação oficial ou venda independente de Harry Potter, escrita ou ainda aprovada pela própria Rowling. Alguns sites de notícia primeiramente especularam que tratava do pai de Harry e não seu filho, James (Tiago). 
Contudo, em 9 de novembro de 2007, Neil Blair, agente de Rowling, negou que Rowling estivesse envolvida com tal projeto. Naquele mesmo dia, a Warner Bros., o estúdio que possui os direitos para os filmes da série Harry Potter negou igualmente que a Travessia dos Titãs estivesse conectada de qualquer forma à marca Harry Potter.
(...) 
A versão banda larga do site também caracteriza-se por um temporizador animado que faz a contagem regressiva para o meio-dia, horário estadunidense, para primeiro de dezembro de 2007. Vê-se atualmente no site "THE HALL IS OPEN" (O vestibulo está aberto) e isso permite aos vistantes adentrar o site para acessar os capítulos do romance em si. A página principal também se caracteriza por conter ilustrações de personagens e cenas do romance, acessíveis através de um link do lado esquerdo da página. 
A música da animação de abertura (quando "Harry Potter" transforma-se em "James Potter") inicialmente se tratava do tema principal de abertura da série de filmes Harry Potter, porém foi substituída por uma nova, feita especialmente para o romance. 
PEDIDO DE APROVAÇÃO
Em 19 de novembro de 2007, o The Scotsman noticiou que Rowling intimou uma ação legal contra Lippert por supostamente violar seus direitos de propriedade por produzir e publicar o romance. Um especialista em lei de direitos autorais da Universidade de Strathclyde comentou que "se um personagem insubstancial de um romance é tomado e construído por outro autor em uma nova história, isso pode ser uma proteção contra a infração dos direitos autorais."
Clicando em uma imagem do item da revista ficcional O Pasquim no lado direito da página principal do site americano de A Travessia dos Titãs (The Hall of Elders' Crossing) uma imagem de uma página parcial supostamente retirada de O Pasquim se eleva.
A página contém a imagem do que parece ser uma cópia capa-dura do romance, e um texto sobre o mesmo, declarando que o romance é "oficialmente não-oficial" e afirma que Lippert tem estado em contato com Rowling através de seu agente e que ele enviara a ela uma cópia prévia do livro.
O texto então traz essa afirmação sem fonte: "Em resposta, a Sra. Rowling assegurou que aceitava sequências escritas por fãs como James Potter e a Travessia dos Titãs, desde que fossem respeitosas e apropriada a todos os leitores." O texto também diz que, caso não obtivesse aprovação de Rowling, Lippert teria terminado imediatamente seu projeto. Ela aprovou e autorizou Lippert à escrever até um 4º volume.
 Com esse nível de sofisticação - site em banda larga, animação, trilha sonora própria - não pode ser chamado de uma "simples" fanfic. E há continuações do 1º James Potter.
Eu me pergunto o que levaria uma pessoa, um ADULTO casado e com filhos, a dedicar tanto tempo a uma "fanfic"? (já que este hobby costuma ser mais comum entre adolescentes).
Mas, calma que a coisa PIORA.

Eis o que saiu no Potterish em 09 de Janeiro de 2010:
Mesmo não nutrindo costume de ler fics (algumas são muito desconexas e sem noção), me desafiei e acabei fazendo o download. Qual não foi a minha surpresa quando vi um e-book com um texto acima da média das traduções amadoras, bem ilustrado, formatado, com uma arte de capa em português (o que é raro quando se trata de um original escrito em inglês) e detentor de uma história interessante.
O autor não possui o mesmo talento de na hora de escrever, mas por mais incrível que possa parecer, Lippert conseguiu prender minha atenção até a última das 432 páginas que constituem a sua história em português.
Logo fiquei sabendo que o livro impresso era vendido nas livrarias americanas normalmente, ao lado das consagradas obras de Rowling que já tem espaço reservado nas estantes das mesmas. E, pasmem, foi gravado um filme da obra, produzido por fãs. 
(...) 
A história de Lippert foi rejeitada três vezes pelo Mugglenet, o que estimulou ao autor a abrir um site dedicado exclusivamente para o mesmo. Depois de muitos acessos, ele escreveu uma continuação e dia 01/01/2010, será lançado o terceiro livro da saga. 
George ainda pegou carona e escreveu uma outra obra com fins lucrativos claramente embasada em Harry Potter: a personagem principal também é uma bruxa, possui uma varinha e usa a vassoura como esporte. 
Surgiu então um impasse: se por um lado, as histórias de James Potter são um consolo para quem ainda não esqueceu Harry, por outro infringe as leis de copyright internacional pela qual os livros escritos por J. K. Rowling são protegidos. Afinal, o autor não estaria praticando plágio? 
A autora ensaia um processo e os diálogos entre ambas as partes encontram-se em andamento. Segundo a Wikipedia, G. N. Lippert estaria colhendo provas para apresentar à Senhora J. K. Rowling de que não existe lucro na vendagem das obras (não tomem isso como fato, por favor. A Wikipedia não é confiável).
Eu não achei mais informações confiáveis ou oficiais sobre o processo.
Há também quem diga que não é verdade que foi vendido o livro impresso, mas que ele enviada pelos correios gratuitamente a quem pedisse a cópia impressa. A questão é que teve gente que VIU os livros nas estantes das livrarias estadunidenses, junto com os oficiais...
Independente disso tudo, continuo com a mesma opinião de vários dos meus colegas potterianos (não existe essa história de potterhead pra mim) a quem mostrei esses fatos: o que Lippert fez foi uma grande falta de ética, escrúpulos, de vergonha na cara... em suma, uma p*ta cretinice.
Se ele tinha tanto tempo livre e tanta disposição para criar um projeto desse tipo, que fizesse algo original e não chupinhado do trabalho alheio.

E de qualquer forma, pra mim, HJ² eternamente, James Potter nunca existiu, porque eu ignoro solenemente aquele maldito Epílogo.


E como se não bastasse, ao fazer uma nova pesquisa para esse post descobri que Lippert foi ainda mais além... Ele não se conteve em apenas contar o suposto futuro da saga. Agora ele também escreve sobre o passado da família Potter, o que é muito mais grave, visto que o passado é algo que Jo definiu bem em seus manuscritos e que agora está sendo publicado aos poucos no Pottermore.
Então, mais do que a vida de James Potter neto, ele definitivamente não tinha nem o direito e nem a autonomia para escrever sobre James Potter pai e os outros personagens consagrados da série oficial, como Severus Snape.
Eis aqui do que estou falando e a capa do "novo livro" de Lippert: http://blog-do-livro.blogspot.com/2011/01/serie-james-potter-o-primeiro-natal-de.html

******************************************


Há aproximadamente 1 mês eu resolvi entrar no Clube do Livro do Potterish para ver se tinha indicação de bons livros. Sou meio pé atrás com as indicações de lá por causa da minha profunda aversão a O Inverno das Fadas... mas, mesmo assim, não custava dar uma olhada e foi então que me deparei com mais um "derivado semi-autorizado" de Harry Potter.


Nas declarações da autora, Renata Ventura, vocês vão entender porque chamo essa história de "semi-autorizada".




Hugo é o "Harry" brasileiro... morador da favela e que pelo visto tá pouco se lixando para o Estatuto Internacional de Sigilo em Magia, já que pretende aprender magia para usá-la contra um trouxa. Traficante, mas trouxa.
Korkovado é o nome da Hogwarts brasileira. Com esse monte de "K", mais parece um nome russo.
E a Hermione brasileira é Gislane e solta frases como: "O nosso mundo já não tá ferrado o suficiente, tu tá querendo estragar esse aqui também?"
Um linguajar tipicamente carioca com o qual eu, particularmente, não me identifico.
Assim como também não me identifico com a realidade de morro, favela, periferia... não sou nenhuma Aisha (personagem de novela)... MÃS, isso simplesmente não faz parte da minha vida e acho muito limitador padronizar isso (seja no cinema, na TV ou na literatura) como "realidade brasileira".

Enfim... fiquei SUPER com pé atrás.

A autora disse que decidiu escrever porque a JK "deu carta branca" em uma entrevista.
A trama se passa na mesma época, 1997 (ou seja, o Estatuto de Sigilo ainda era o mesmo).

Na nota da autora, que antecede “A Arma Escarlate”, Renata Ventura explica e justifica sua missão. Segundo ela, J.K. Rowling respondeu a alguém que perguntou se ela escreveria um romance sobre uma escola de bruxaria nos Estados Unidos dessa maneira: “Não, mas fique à vontade para escrever o seu”.

Particularmente, isso pra mim é uma desculpa. Desculpa, sim... porque eu sei bem o quanto é difícil começar um mundo fantástico do zero. É mais fácil usar um já pronto, estruturado.

Este caso é semelhante ao de Lippert, porque de fato o livro É impresso aqui no Brasil e vendido em sites, livrarias, feiras de livro.
Eu, por curiosidade, peguei o PDF pra dar uma olhada, mas não sei se lerei... cacei, SIM, o pdf piratão na internet, porque me recuso a pagar pra ler uma fanfic editada e impressa em formato de livro!!!
Editado ou não, passando-se em outro país ou não, continua sendo uma fanfic.

Porém, passando os olhos rapidamente por alguns trechos notei que ela teve o cuidado que Lippert não teve, de modificar os nomes.
Por exemplo, ela não usa "trouxa" para se referir aos não-bruxos. Ela usa uma palavra difícil e que não me recordo agora, que eu nunca tinha visto antes... Talvez vinda do português arcaico, rs.
Da mesma maneira, apesar de "ser o mesmo mundo" de HP, a mesma realidade só que em outro país, os feitiços são diferentes e assim por diante.
Aborto > Fiasco
Defesa Contra Arte das Trevas > Defesa Pessoal
Poções > Alquimia

A explicação pra isso, creio eu, é que - segundo um artigo que lembro de ter visto em algum site potteriano, mas não me recordo qual - para se proteger desse tipo de coisa JK teria registrado como seu direito todas as expressões que ela inventou e/ou o uso de certas palavras comum mas com significados peculiares, existentes somente na saga.

Por isso, para publicar como livro e não com fanfic, Renata preciso 'adaptar' muita coisa.
Mas afinal, ela não tinha autorização informal da Jo?

Veja aqui a elogiosa resenha feita no Clube do Livro do Pottermore.

E aqui a própria autora falando a respeito:


Detalhe: uma das músicas de fundo desse vídeo é de Senhor dos Anéis e não de Harry Potter. Fail!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigada pela sua visita e pela mensagem.
Comentário anônimos de ataque gratuitos serão deletados!
Espero que tenha gostado do blog e que volte sempre!