quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Livro: A Volta ao Mundo em 80 Dias




Então, o post anterior foi uma introdução para esse post sobre o 1º livro da coleção que finalmente li. Desde que cheguei em casa logo depois da Bienal (que foi em Agosto passado) eu tava louca para ler algum logo, porém só tive tempo e disposição agora!

Minha vontade era pegar primeiro para ler Viagem ao Centro da Terra, por ser o mais famoso e o que eu tinha mais curiosidade de ler.
Só que como estou fazendo muitas mudanças aqui em casa, os livros acabaram ficando separados e o que estava mais fácil, ao meu alcance era A Volta ao Mundo em 80 Dias, cuja história também me agradava bastante já.
Como eu disse no post anterior, a linguagem do livro é antiquada e do português de Portugal. Por conta disso, encontram-se palavras desconhecidas ou com significados pouco usuais para nós.

Aparece também com frequência algumas pérolas, como chamar os indianos de índios e usar as palavras 'indígena' e 'selvagem' para qualquer coisa que fosse diferente da civilização ocidental e/ou inglesa.

Por exemplo, há menção à uma cidade japonesa descrita como 'selvagem', o que, imaginei eu, fosse na verdade uma cidade típica japonesa.
E você sabe o que é um pagode?
Eis aqui um exemplar deste tipo de arquitetura oriental:



Portanto, é um livro que exige um pouco mais de atenção com o palavreado.

Achei o livro muito bom, mas preciso dizer que em alguns momentos a leitura se torna maçante quando ele começa a descrever distâncias em milhas (não sei outras pessoas, mas eu pelo menos fico boiando), cidades orientais (com uma boa pitada de preconceito próprio da época) e muito, muito mato, especialmente na Índia.

Interessante notar que, naquela época, para se fazer essa viagem pelo hemisfério norte, necessariamente, se passaria mais da metade do caminho dentro de território inglês (Inglaterra, Índia, Hong Kong) ou em território que já pertenceu ao Reino Unido (EUA) e portanto tem identificação cultural e usa-se a língua inglesa, o que facilita a vida dos personagens para se comunicar.

Passepartout é um personagem cativante e bastante atrapalhado. Não há como não simpatizar com este adorável francês. Por outro lado, como Mr. Fogg é um personagem - aparentemente - frio e calculista  ou melhor, que não demonstra como se sente em 98% do livro, isso acaba cortando boa parte da emoção que tal aventura poderia ter.

Mr. Fix é o típico cego que só enxerga o que lhe interessa e como lhe convém, o que torna impossível não sentir raiva dele. E a senhorita Aouda é uma mistura de donzela indefesa e mulher destemida. Achei ela enigmática, até porque são poucas às vezes em que vimos os acontecimentos pelo ponto de vista dela e nas poucas vezes que isso acontece, o autor parece meio desconfortável.

SPOILER do final

Somente no finalzinho, Phileas Fogg mostra que, afinal, é também humano. E a grande surpresa é que no final das contas, "A Volta ao Mundo" é também um romance (no sentido romântico), apesar de toda a frieza de Mr. Fogg. Ele não é nenhum Mr. Darcy, é claro. Mas é um homem honrado e mesmo com tanta excentricidade, se mostra até agradável.

Em toda a 2ª metade do livro eu desconfiei disso, mas dada a peculiar personalidade dele, eu achei que era apenas a minha imaginação feminina especulando. Não. De fato, termina como eu previ: com um final bem piegas... mas até que bunitinho, rs.
A viagem permitiu ao Senhor Fogg se abrir ao menos um tiquinho e encontrar sua metade da laranja.


CURIOSIDADES
  • Embora as capas de muitas edições tragam a imagem de um balão, não há momento algum na história em que os personagens se utilizem dele. 
  • É curioso que enquanto Verne escrevia "A Volta ao Mundo em 80 Dias" e o lançava em episódios, ocorreu uma febre tal na população para comprar os folhetins, que as companhias de navegação ofereceram fortunas para que as personagens dos livros fizessem a última etapa em um de seus navios.
  • Em certo momento a companhia White Star Line é citada. Esta é a mesma companhia que, muitas décadas depois, foi a proprietária do Titanic.


Por fim, necessito dizer que o filme (com Jackie Chan) não tem absolutamente NADA a ver com o livro. É apenas uma sátira que, principalmente depois de ter lido o livro, acho bem boba e sem noção.

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