domingo, 6 de dezembro de 2020

Livro: Harry e Seus Fãs (e um pouco das minhas próprias memórias de fandom)

A maior parte desse post foi escrito em 07 de Abril de 2018, após eu ter lido o livro.
Porém eu não o havia terminado, por isso não publiquei. Então estou fazendo os adendos necessários agora e publicando em 2020:

Melissa Anelli. Um nome que eu deveria conhecer? Aparentemente sim. Mas até ver a capa desse livro alguns anos atrás (confesso que não lembro se foi online ou em livraria) eu não fazia ideia de quem se tratava e continuei ignorante até ler o livro este ano. Foi mais um desses que ficou um loooongo tempo na minha estante esperando a sua vez na minha longuíssima fila de leitura.
Mesmo não conhecendo a autora, a ideia de ler esse livro me interessou por contar em detalhes a história do fandom, do fenômeno Harry Potter o que, de certa forma, é parte da minha própria história.

Melissa se tornou a líder de um site chamado Leaky Cauldron, que postava notícias sobre Harry Potter. Isso na época que os livros de HP ainda estavam sendo lançados, que eu particularmente chamo de "A Era de Ouro do Fandom" de Harry Potter. Alguns minutos atrás, antes de começar a escrever este post fui dar uma olhada no site (continua ativo) que aparentemente foi tão importante e famoso (segundo a própria autora e 'dona' do site), mas que eu na mesma época nunca ouvi falar. Já o MuggleNet era um nome que eu via com frequência na época. Nunca tinha entrado nele porque na época eu não sabia inglês, mas era sempre citado nas discussões dos fóruns ou quando uma notícia vinha para sites brasileiros com frequência citava o MuggleNet como fonte. Guarde esses nomes, pois boa parte desse livro gira em torno desses 2 fã sites americanos.

No ano passado resolvi reler todos os livros de Harry Potter (fiz as pazes com os 6º e 7º livros nessa releitura) e como de costume, ao terminá-los, reli a Biografia da J. K. Rowling que é, para mim, uma fonte de inspiração que sempre me ajuda em momentos de desânimo total. Foi o último livro que tive tempo de ler em 2017. Então, em janeiro iniciei Harry e Seus Fãs.
O livro - no início - é de certa forma uma continuação da Biografia de J. K. Rowling. Pode parecer estranho no início, mas faz todo sentido dentro do contexto do título, pois os primeiros fãs ardorosos do livro foram aqueles que tiveram o primeiro contato com ele e trabalharam em sua publicação. Sendo de uma autora estreante e totalmente desconhecida (na época) ele precisava ser defendido com unhas e dentes por aqueles que acreditavam no projeto (e tinham alguma influência) para receber o investimento necessário para deslanchar, de modo que todos os primeiros fãs eram adultos. Sendo então um livro sobre os fãs da saga e como se relacionaram com a obra e a autora, é natural que se comece do início.

Enquanto a biografia foca e detalha a vida de Jo antes da fama (desde seu nascimento) e fala de toda a parte do início da publicação e vendas de direitos autorais de forma resumida, Harry e Seus Fãs detalha justamente do envio dos primeiros manuscritos em diante, acrescentando informações que complementam a biografia e seguindo a partir do ponto que a biografia parou, abrangendo o fenômeno cultural e o fandom criado a partir dele no início da popularização da internet, um terreno que (na época) ninguém conhecia direito e as grandes mídias e empresas não sabiam como lidar com sua espontaneidade e facilidade de espalhar informações em segundos e criar enormes comunidades que sem a internet não seriam capazes de existir.

Porém, após esses primeiros capítulos, vem um capítulo dedicado ao tal "wizard rock" (Capítulo 6 - Rock em Hogwarts - págs. 121 até 157). Foi aí que eu tive um problema. Eu achei o capítulo EXTREMAMENTE enfadonho e comprido demais. E eu empaquei. Fiquei quase 3 meses sem nem tocar no livro novamente. Só de pensar em voltar a ler sobre wizard rock me dava um desânimo imenso. Só criei coragem para pegar o livro de novo e encerrá-lo de uma vez porque tenho muitos outros livros na fila que estou ansiosa para ler logo.


Eu nunca tinha ouvido falar no tal "fenômeno de músicas sobre Harry Potter", NUNCA ouvi nenhuma dessas músicas e nunca vi ninguém aqui no Brasil comentando sobre as tais bandas citadas, sendo a principal delas (que toma quase o capítulo todo) a "Harry and the Potters". Naquela época (de 2003 a 2007) eu passava boa parte do meu dia mergulhada em fóruns, listas de discussão por e-mail e sites de fanfics (todos brasileiros) e realmente jamais vi alguém compartilhar ou comentar essas músicas e bandas. Creio que o estrondoso sucesso ao qual Melissa se refere no livro que essas bandas fizeram (e chegaram a levar milhares de pessoas a seus shows) foi somente nos EUA e Canadá mesmo.

A partir daí (aproximadamente a metade) o título do livro perde o sentido a meu ver. Ela continua falando do fenômeno Harry Potter, porém não fala tanto sobre OS FÃS de forma geral (como o título promete). Ele se torna uma auto-biografia da Melissa dentro do fenômeno Harry Potter, pois TUDO é visto sob o ponto de vista dela e de como era o seu relacionamento com seus amigos íntimos que também eram fãs adultos de Harry Potter, sobre como era a sua vida no trabalho (e como as pessoas agiam com ela com certo desprezo e preconceito por ser fã adulta de HP). Por exemplo, ela descreve como passou todas as noites de estreia e como leu os livros 5, 6 e 7 e os problemas que ela teve eventualmente para administrar o site e fazer entrevistas com famosos enquanto tentava manter o emprego também (o que não era bem visto por sua chefe).

Há muito pouco ou quase nada sobre os fãs comuns ao redor do mundo (a não ser quando os fãs comuns americanos serviam de plateia e bajulação para o seu podcast ao vivo em vários estados dos EUA). O que torna o título do livro meio falso.
Há muito pouco ou quase nada sobre o clima de convenções de fãs, sobre escritores de fanfics (embora ela fale um pouco disso, mas de forma bem vaga e sem conhecimento de causa) e sobre os cosplayers, por exemplo (no máximo ela diz: "em tal ocasião eu vi alguém vestido de Snape". Mas nada sobre quem são os cosplayers, como escolhem e fazem suas fantasias, os concursos e etc). Ou sobre as intermináveis discussões nos fóruns (a não ser quando ela fala da Guerra de Shippers) e as "famílias" que se formavam lá.

E isso é explicado pela própria Melissa no capítulo que ela descreve quando foi pela primeira vez para um evento chamado Nimbus 2003. Ela diz - e posso estar errada, mas tive a impressão de sentir um certo ar de desprezo em sua declaração - que nunca foi "esse tipo de fã", que faz cosplay, compra produtos da saga, vai em eventos. O negócio dela era administrar o site e manter contato com "gente importante" dentro do meio: funcionários de alto grau da Scholastic (a editora americana), gente envolvida com os filmes (inclusive atores),  membro da impressa tradicional (já que ela se formou em jornalismo), outros grandes webmaster de Harry Potter e, posteriormente, com a própria J. K. Rowling e suas assistentes. Por outro lado ela mesma diz que se sentiu "uma fraude" ao perceber na Nimbus 2003 que era tão distante dos demais fãs no mundo real, já que focava quase inteiramente no virtual exceto quando tinha a oportunidade de encontrar alguém "grande" ou fazer um evento de lançamento (como a turnê de podcasts).
Aliás, fiquei bastante intrigada com como ela parecia conseguir contatos (que sabemos que são dificílimos) com incrível facilidade. É claro que ela tinha a vantagem de ser formada em jornalismo e por isso conhecia melhor os meios de chegar a eles, mas ainda assim... ela não trabalhava diretamente neste meio (digo, o trabalho de verdade, não o site).

De modo que eu achei que me sentiria representada como fã em algum nível com esse livro, mas acabou se revelando uma experiência muito distante da minha própria.

Um dos capítulos que achei mais interessante foi o Capítulo 9 - Banido e Queimado no qual ela encontrou com uma extremista cristã, líder do movimento para banir os livros de bibliotecas escolares, Laura Mallory. Fica bem óbvio - como qualquer um já imaginava - que a mulher era mal informada, fanática e, por consequência direta, bastante hipócrita. Só que, na minha opinião pessoal, Melissa também não soube 'defender' bem a saga para ela.
Foi revoltante ver a mulher insultando sobreviventes de massacres como Columbine como se soubesse mais do que eles sobre o que houve, culpando os livros que nada tem a ver com o assunto!

No capítulo que ela descreve como passou a noite de lançamento de Ordem da Fênix eu discordei de muitas decisões e atitudes. Claro que cada um faz o que quiser e como quiser... mas a mim parece uma LOUCURA e até burrice ler o livro em uma noite, preso em uma casa com mais 15 fãs. A última coisa que eu quis foi ler apressadamente e ter gente em volta para me distrair, encher meu saco e atrapalhar minha leitura!

Quando o livro finalmente foi lançado traduzido no Brasil eu quis lê-lo totalmente sozinha, em silêncio, no meu quarto, saboreando cada palavra do "tijolo" sem pressa. Mas me lembro bem da minha reação quando cheguei no capítulo que Harry entra na Penseira do Snape. Eu parei de ler e voei para a casa da minha melhor amiga. Ela ainda não tinha o livro, mas eu PRECISAVA que ela lesse aquilo! Somente ela me entenderia. Jurei a ela que aquele trecho não continha um grande spoiler do livro (hoje tenho minhas dúvidas se fiz bem, rs) e pedi para ela ler e me dar sua opinião. Eu tinha sofrido bullying na escola e nós duas tínhamos estudado na mesma escola, embora em séries diferentes, então ela sabia o que eu tinha passado. Eu nunca tinha imaginado que me identificaria justamente com Snape e a partir daquele dia comecei a compreender melhor sua personalidade. Também me deu uma certa satisfação ver que Os Marotos - que todo mundo venerava - não eram perfeitos modelos de comportamento. Eu sempre desconfio de quem, seja na vida real ou sendo um personagem, aparenta ser perfeito demais e tem popularidade demais!

A outra coisa nessa parte que discordei da Melissa & Amigos foi sua reação meio histérica de choque quanto à revelação de que Sirius tinha um passado e de que todos os bruxos tinham relações familiares de algum grau. Aceitei tudo isso com muita naturalidade na primeira leitura porque era um tanto quanto óbvio. TODO MUNDO tem um passado... E sendo os bruxos uma comunidade tão pequena e em que muitos valorizam o "sangue-puro" é mais que natural que tenham laços de parentescos. Aliás, até Hagrid já havia feito algum comentário sobre isso no Livro 2.

Na página 231 ela diz algo que é muito verdadeiro para mim pessoalmente:
"Todos nós tínhamos outra vida, com trabalho e escola e famílias que não compreendiam como podíamos amar alguma coisa tanto quanto amávamos Harry Potter, pessoas que até, por vezes, faziam troça de nós por devotarmos tanto tempo e energia a isso - mas que depois passavam seis horas berrando até ficar roucas por causa de um jogo de futebol, e mais cinco depois dessas enquanto debatiam o mesmo jogo."
Eu mesma, recentemente tive uma briga feia em casa por conta disso. Eu assistia à indicação do Oscar no jornal (era só as indicações, não os prêmios) quando silenciosamente levantei os braços indignada ao ver o nome de um filme que não gostei concorrendo. Imediatamente começaram a implicar comigo... não aquela implicância boba de brincadeira, mas a sério como indicando que eu sou uma alienada que só se importa com bobagens (agravado pelo fato de eu estar desempregada naquele momento). E, NO ENTANTO, todas as noites de 4ª feira ou tardes de domingo eu sou obrigada a aturar GRITARIA INCESSANTE dentro e fora de casa (da vizinhança) porque alguém fez ou deixou de fazer um gol, porque o juiz deu ou não deu uma maldita falta, porque o treinador é burro e por aí vai... Fora que toda 3ª feira tenho que aturar umas 4 horas de Master Chefe COM comentário constantes, sendo um programa que eu desprezo completamente. E, detalhe, SEM reclamar de nada disso!!! (desabafo)

 Em outra página (233), já falando a respeito do primeiro debate ao vivo da Guerra de Shippers ainda na Nimbus 2003, ela diz outra coisa que considero absolutamente verdadeira:
"Existe um ponto no crescimento de toda comunidade em que ela se torna grande demais para manter a paz e, no fandom, desentendimentos sobre interpretações de material fonte no qual o fandom é baseado é a maneira mais fácil de fomentar uma boa guerra civil. Aquilo havia começado a acontecer com o fandom de Harry Potter em 2001, entre os fãs adultos, que na época estava começando a se aglutinar online. A internet havia chegado ao ponto em que havia uma abundância de lugares - fóruns de discussão, grupos LiveJournal, sites de fanfiction-, para que eles se reunissem, mas um deles, o que tinha o nome mais simples e mais apropriado, havia se tornado seu porta-voz. O Harry Potter for Grownups (Harry Potter para Adultos) foi o primeiro campo de batalha importante de debate do cânon."
Eu também nunca ouvi falar desse Harry Potter for Grownups porque não acompanhava o fandom internacional, porém esses mesmos campos de batalha aconteceram nos fóruns nacionais sendo, pelo que me lembro, o A3V (Aliança 3 Vassouras) um dos mais importantes. Eu mesma tive problemas sérios com a chefe desse site / fórum.

Depois desse trecho Melissa segue falando dos sites que publicavam fanfics e que a Jo não curtia muito o fato dos fãs estarem escrevendo histórias próprias sobre seu universo, mas não tinha como impedir. O mais famoso site de fanfics do mundo foi, sem sombra de dúvidas, o fanfiction.net (é, ainda existe). Este eu não só 'ouvi falar' como frequentei por um tempo, por dois motivos: as principais fanfics em inglês estavam publicadas lá e quem sabia inglês pegava lá as fics para traduzir para o português. E em segundo lugar porque o site aceitava fics em qualquer idioma... ou seja, muitas autoras brasileiras publicaram suas fics lá. Mas fora o FF NET (como era carinhosamente chamado), o Brasil tinha seus próprios sites de fanfics. O A3V foi um deles (o primeiro no qual entrei e li uma fic), outro famoso era o Floreios & Borrões... e havia outros cujos nomes não me recordo agora. Mas havia também sites de shippers (casais) específicos, como o querido e adorado Portal Draco & Gina que foi o que mais frequentei, por mais tempo, e onde fiz a maior parte das minhas amizades online do fandom de Harry Potter através da caixa de comentários.


Vale lembrar que muitos desses autores de fanfics (tanto internacionais quanto brasileiros e brasileiras) se tornaram autores publicados. Talvez hoje a mais conhecida delas (e que já era extremamente polêmica na época que só escrevia fanfics) seja a Cassandra Clare, que é citada neste livro. Honestamente, exceto por alguns trechos das fics famosas da Cassandra na época, eu nunca li nada dela, pois seu estilo não me atrai muito. Mas vejo as capas de seus livros por aí, que chegaram já ao patamar de serem adaptados para filme e remake em série de TV.

A partir dos primeiros comentários sobre fanfics Melissa começa a entrar nas questões das Guerras de Shippers. E é aí que o livro me incomoda profundamente. Não é segredo pra ninguém que Melissa Anelli é uma R/H (como a gente dizia na época) quase extremista... então, em seu livro, ela se dá a liberdade de começar a criticar com nenhuma boa vontade os escritores de fics e fãs H/H (e eu sou, sempre fui e sempre serei H/H). É importante lembrar que esse livro foi escrito anos ANTES (publicado em 2008 nos EUA e em 2011 no Brasil) da J. K. Rowling dar uma declaração em 2014 (7 anos após a publicação de Relíquias da Morte) dizendo que se arrependeu de forçar a barra para manter Ronald e Hermione juntos. Não sei qual foi a reação da Melissa Anelli a isso. Mas o fandom "Harmony" comemorou com certeza.
“Eu sei, sinto muito, posso imaginar a raiva e fúria que isso pode provocar em alguns fãs, mas, para ser absolutamente honesta, a distância me deu perspectiva sobre o assunto. Foi uma escolha que fiz por razões muito pessoais, não por razões de credibilidade. Estou partindo os corações das pessoas ao dizer isso? Espero que não”

Se você não acompanhou o fandom na época das publicações graduais dos 7 livros, o tópico "com quem Hermione deve ficar no final" gerou tretas gigantescas inclusive com a própria J. K. Rowling se envolvendo nas discussões algumas vezes. Era uma verdadeira "guerra". E o tema é abordado extensivamente (incluindo o envolvimento da Jo) no livro Harry & Seus Fãs, porém sob o viés de uma visão puramente R/H (posição da Melissa). Eu, por outro lado, participei de um grupo brasileiro de H/Hs nos fóruns e vi e vivi a coisa toda sob a ótica oposta. No final das contas, como todos sabem, Hermione se casou com Ron e Harry com Gina. Mas num plot twist inesperado a Joanne voltou atrás (como citei e linkei acima) dizendo que se arrependeu dessa decisão, porque R/H seria, com certeza, uma relação emocionalmente destrutiva e até abusiva. Esse fato era apontado constantemente pelos fãs "Harmony" (H/H) desde, pelo menos, o lançamento de Cálice de Fogo, com a galera escrevendo textos extensos, recheados de argumentos eloquentes nesse sentido, sustentados pelas atitudes reprováveis constantes de Ronald Weasley nos livros. E o fato da Jo ter feito essa escolha errada por motivos pessoais era uma bola que eu, pessoalmente, já tinha cantado (quem leu a biografia dela provavelmente pode entender o que estava por trás disso).

Então, a partir desse ponto Melissa segue descrevendo com exclusividade o ponto de vista de pesssoas R/H que de alguma forma foram relevantes no cenário do fandom de língua inglesa.

Depois disso vem o Capítulo 11 - Acesso em que Melissa começa a contar a história de como conseguiu acesso aos estúdios de gravações dos filmes e posteriormente à própria J. K. Rowling para entrevistá-la na casa dela, no Reino Unido. O Capítulo 12 relata justamente a Entrevista que, novamente, incendeia - propositalmente na minha opinião - a "Guerra de Shippers".
Os últimos capítulos - chegando até o lançamento do livro de Relíquias da Morte - continuam na vibe de contar os principais acontecimentos do fandom internacional na época, porém sob o ponto de vista das experiência pessoais de Melissa Anelli como uma insider - ou seja, alguém que tem os privilégios de contatos com as pessoas envolvidas diretamente nos projetos oficiais. É quase um diário dela.
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Agora, falando mais um pouco da minha experiência pessoal: eu tinha 12 anos quando o livro Harry Potter e a Pedra Filosofal foi lançado no Reino Unido. Ou seja, eu era o público-alvo dessa série, sendo pouco menos de 1 ano mais velha que o protagonista Harry. Porém, no Brasil, eu não tive acesso imediato aos livros... nem sequer fiquei sabendo da existência deles de imediato. Só fui saber da série quando foi anunciada a estreia do primeiro filme nos cinemas e, nessa época, eu já tinha 15 anos. Ao ver o filme virei fã IMEDIATAMENTE.
Mas só pude começar a comprar os livros (nessa época já publicados até o 4º, Cálice de Fogo e lançados no cinema até o 2º, Câmara Secreta) aos 18 anos, quando comecei a ter meu próprio dinheiro. Foi nessa época que eu mergulhei de cabeça em 2 fandons: Star Wars (no ano anterior) e Harry Potter. E com tudo que tinha direito (e acesso limitado, devido às condições financeiras e à tecnologia da época): filmes, livros, sites, blogs, flogs, fóruns, fanfics, grupos de e-mail, grupos de orkut, eventos presenciais em São Paulo, cosplay, revistas, posters, colecionáveis... Fazer parte desses fandons foi de extrema importância pra minha vida pessoal, se tornou parte da minha essência, influenciou minha história e até mesmo minhas decisões profissionais de forma inegável.
PORÉM, chegou a certo ponto que eu comecei a cansar, me chatear, me decepcionar profundamente por tanta coisa sem noção, por tanta briga idiota... foi aí que comecei a me afastar do grande fandom, procurando manter um pequeno grupo de amigos com gostos em comum... mas esses também foram se afastando com o tempo.
Continuo curtindo Harry Potter (Star Wars é um tema à parte, mais complexo), porém a uma distância confortável de outros fãs. 
E eu nunca fui um tipo de fã como a Melissa, que consegue se aproximar com facilidade de pessoas importantes ou "importantes" para conseguir acessos privilegiados. Mesmo se eu conseguisse chegar perto disso era logo repelida pela minha língua incontrolável de opiniões incisivas.

Corta pra 2020:


Infelizmente, hoje o fandom de Harry Potter foi totalmente contaminado por outro tipo de guerra, a "guerra ideológica" que vem contaminando TUDO ultimamente. Parte da culpa disso é da própria Jo, é claro, que insiste em falar sobre esses assuntos publicamente (se isso é bom ou ruim pra ela, só ela própria sabe... mas hoje sua fortuna é tão grande que eu acho que simplesmente não faz mais diferença pra ela a opinião pública e ela tacou o "foda-se").
Hoje, ao invés de nos dividirmos entre R/H (ou Romione) e H/H (ou Harmony) como no passado, o fandom (se é que ainda podemos chamar assim) se divide entre fãs de J. K. Rowling e ex-fãs de J. K. Rowling que se unem e se focam em atacá-la por motivos políticos. Até saí há alguns meses do último grupo de que ainda participava no Facebook justamente por isso. A meu ver, virou um grupo de ódio e não vou compactuar com isso!

Hoje, tudo que eu sinto ao pensar em fandons em geral é uma profunda tristeza do que se tornou algo que antes era tão bonito e divertido (mesmo com umas rusgas aqui e ali)!

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