quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O MARAVILHOSO, INCRÍVEL, EXTRAORDINÁRIO... MULTIVERSO!

Pelo menos no que se trata de conflitos relacionados à ficção e à adaptações (de qualquer tipo ou gênero), eu descobri que o Multiverso é a solução perfeita e definitiva para tudo!

O conceito de Multiverso ou de Universos Paralelos surgiu como uma teoria científica, mas foi amplamente aproveitado pelos escritores de ficção científica e, em especial, pelas editoras de HQs (sim, Marvel e DC principalmente). Recentemente (ano passado, mais ou menos) a ideia de Multiverso ficou em maior evidência por causa da adaptação nas séries do Arrowverse de uma das mais importantes histórias da DC: A Crise das Infinitas Terras. Muito antes de começar a acompanhar o Arrowverse eu já conhecia essa teoria e já tinha visto ela sendo aplicada nas histórias de super-heróis. Porém, o sucesso da CW em adaptar a A Crise das Infinitas Terras - e o fato, muito importante, dessa adaptação não deixar dúvidas de que TODOS os live actions já produzidos pela DC fazem parte do mesmo Multiverso (coisa que eu já tinha especulado e recebido patadas de nerds chatos por isso) - chamou a atenção para como essa teoria poderia também ser usada no cinema de heróis para resolver problemas diversos e, também, para fazer brincadeiras e homenagens divertidas (famoso fan service). Tanto que a Marvel - ao que tudo indica - resolveu utilizar a mesma ideia nas suas próximas produções.

Se ainda estiver parecendo estranho, vou explicar de forma mais clara: a ideia de Multiverso é que existem diversas versões, coexistindo ao mesmo tempo, do nosso planeta Terra, do nosso Sistema Solar, do nosso universo como um todo. E em cada uma dessas Terras as coisas podem acontecer de maneiras diferentes: um mesmo personagem (mesmo nome) pode ter aparência diferente, pessoas que existem em uma Terra podem não existir em outras, contextos históricos podem ser completamente diferentes de uma Terra para a outra (como na Crise da Terra X, em que os heróis do Arrowverse lutaram contra versões de si mesmos que vieram de uma Terra onde os nazistas ganharam a Segunda Guerra Mundial), numa Terra pode existir magia e seres mitológicos que não existem nas outras, numa Terra pode existir países que não existem em outras (como Wakanda, Kubanacan, Kanto, Latvéria, etc) e assim por diante...

Para quem é nerd de carteirinha tudo isso pode não ser nenhuma novidade, certo? Mas o insight que tive esses dias se refere ao fato de que este conceito pode ser usado em QUALQUER tipo de história, de qualquer gênero... qualquer um mesmo! Inclusive romances. Calma, vou explicar: 

Tomando novamente a própria DC como exemplo: na época que a personagem Felicity surgiu na série Arrow muita gente torceu o nariz e ainda hoje existem haters e lovers da personagem e do fato dela formar um casal com Oliver. Isso porque para os fãs tradicionais das HQs o par romântico de Oliver sempre foi Laurel e a série tomou um caminho completamente diferente da história original em que se baseava (as HQs). Mas... se pararmos para pensar, são apenas duas versões diferentes da história do mesmo personagem, ou seja: duas Terras diferentes. Em uma Terra, Oliver sempre foi o companheiro de Laurel enquanto que, em outra, fez par com Felicity.
Na série da Supergirl colocaram um James Olsen que EM NADA se parecia com o personagem fotógrafo original, Jimmy Olsen, o que chateou muito os fãs. Jimmy era nerd, baixo, magro, tímido, atrapalhado, usava camisas xadrez com gravatinha borboleta e era apenas o fotógrafo do jornal (e eu me identificava bastante com ele). James Olsen é alto, forte, atlético, confiante, sociável, se torna um editor-chefe de sucesso e também assume uma identidade secreta de herói (e não gosta de ser chamado de Jimmy). Eles são versões do mesmo personagem de Universos Diferentes, 2 Universos Paralelos!

Agora... assim como o original de uma HQ e a adaptação para cinema e TV podem ser entendidos como versões de Universos Paralelos, podemos extrapolar o mesmo conceito para QUALQUER adaptação, em especial aquelas que não foram lá muito fiéis a algum aspecto da história (ou a quase todos eles). É um exercício de imaginação que pode ser usado de forma divertida para resolver conflitos ou eliminar ressalvas que podemos ter em relação a alguma adaptação.

Exemplos:

- Em Orgulho & Preconceito, o livro, a Caroline Bingley tem uma irmã e um genro que participam ativamente da história. Na versão do filme de 2005 esta irmã não existe.

- No caso de Harry Potter os 2 primeiros filmes foram muito fiéis aos livros, com apenas algumas pequenas diferenças. Do 3º em diante a mudança foi brutal. Poderíamos dizer (ou melhor, eu poderia na minha imaginação) que a partir do 3º filme trata-se de uma outra versão (um Universo Paralelo) da história. O personagem Dumbledore, por exemplo, se torna completamente diferente do original em todos os aspectos (aparência, figurino, personalidade, etc). O próprio castelo de Hogwarts não é o mesmo. As varinhas de Harry e Hermione tem um design completamente diferente e assim por diante...

- A série d'Os Bridgertons que a Netflix irá estrear em Dezembro / 2020 tem recebido muitas críticas de alguns fãs dos livros por terem escolhido atores que destoam completamente das descrições (não posso comprovar porque ainda não li nenhum dos livros da Julia Quinn). Esses fãs podem (se quiserem, claro) assistir à série "abstraindo", ao pensar na série como a mesma história se passando em um Universo Alternativo.

- Em Jogos Vorazes, a Katniss Everdeen é descrita como uma jovem de pele oliva e, provavelmente, descendente de indígenas americanos por parte do pai (ou isso é o que eu me lembro de entender quando li a história há alguns anos). Já a atriz Jennifer Lawrence definitivamente não faz jus à essa aparência. 

- Na gigantesca saga de Star Wars só existe um ponto pacífico, que chamamos de canon: os 6 filmes principais feitos por George Lucas! Fora disso, existe uma quantidade enorme de histórias em outras mídias (e em cinema também agora) com linhas temporais diferentes. As duas principais linhas temporais sendo a linha "legends" e a linha "disney". A única forma plausível de elas coexistirem é a explicação de Multiverso, que tem um único ponto em comum em todos os Universos Paralelos (os 6 filmes principais), mas que todo o resto já criado diverge entre si totalmente no que aconteceu antes do Ep I e no que aconteceu depois do Ep VI. 

- Nos filmes de O Senhor dos Anéis, Arwen é uma elfa guerreira e destemida. Mas nos livros originais de Tolkien ela não faz absolutamente nada e só aparece no final como uma "elfa bordadeira". Quem salva Frodo do veneno dos Nazgul na verdade é um elfo chamado Glórfindel. E, indo mais à frente na história, nos livros de Tolkien o personagem Faramir jamais se sentiu tentado a ficar com o Um Anel para cair nas graças do pai.

E até mesmo quando se trata de personagens reais, ou seja, Históricos é possível aplicar este conceito!
Eu ADORO a série Reign. Mas quando comecei a assistir, mesmo sem saber NADA da história de Mary of Scots (ou Mary Stuart) na época, me causou uma estranheza enorme: todos os figurinos femininos - mas em especial os da Mary - estavam muito modernos. Há até uma cena em que ela usa um vestido xadrez (que não é do padrão escocês que representaria a família dela) com modelagem tipo 'sereia' e tomara-que-caia. Anacronismo total! Simplesmente IMPOSSÍVEL para a época e contexto em que ela se encontrava. Isso sem contar o hábito de usar os cabelos soltos, que uma rainha daquela época jamais usaria! E, mais tarde, eu vim a descobrir que ela era na verdade ruiva e não morena. E essas questões de aparência ainda são o de menos se considerarmos as mudanças feitas na série em relação a História real da vida de Mary e Francis e de toda a História da época.
É bom lembrar, aliás, que TODA série histórica faz isso... são todas ficcionais e não aulas resumidas de História!
Mas como podemos encarar isso?
Existe a História real, essa do mundo em que habitamos, e existe a história desse mundo da série, um Mundo Paralelo onde isso tudo era possível de acontecer por estarem em um mundo que se desenvolveu de uma maneira diferente da nossa!

O conceito de Multiverso aplicado da maneira que estou propondo neste post nada mais é do que a arte do "E se...?".
Serve para HQs adaptadas para cinema e TV, serve para animações adaptados para cinema e TV, serve para games adaptados para cinema e TV, serve para livros adaptados para cinema e TV ou qualquer das outras mídias que citei antes, serve para filmes adaptados em desenhos, serve para filmes adaptados para os games, serve para reboots de uma mesma história que acaba gerando várias versões do mesmo personagem (como Homem-Aranha do Tobey, do Andrew e do Tom Holland), para personagens históricos distorcidos em adaptações modernas, mudança radical de atores de uma mesma produção, etc... etc.. etc...
As possibilidades são sempre infinitas!!!

Por isso estou convencida e decidida de que, a partir de hoje não me chateio mais, não me estresso mais, com adaptações e/ou continuações e/ou reboots. Sejam boas ou ruins! Eu abstraio e encaro tudo com a convicção de que elas são simplesmente de Universos Diferentes, dentro de um mesmo Multiverso. E dentro deste Multiverso eu posso escolher aquele que gosto mais e que considero como principal (até porque o principal geralmente é o material original, a origem da história!).

Fica a dica para quem também quiser uma solução para encarar tudo isso com mais leveza! 😉

A título de curiosidade vou colocar abaixo a definição de Multiverso que encontrei na Wikipédia:

Multiverso é um termo usado para descrever o conjunto hipotético de universos possíveis, incluindo o universo em que vivemos. Juntos, esses universos compreendem tudo o que existe: a totalidade do espaço, do tempo, da matéria, da energia e das leis e constantes físicas que os descrevem. É geralmente usado em enredos de ficção científica, mas também é uma extrapolação possível de algumas teorias científicas para descrever um grupo de universos que estão relacionados, os denominados universos paralelos. A ideia de que o universo que se pode observar é só uma parte da realidade física deu luz à definição do conceito "multiverso".

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